domingo, 24 de fevereiro de 2008

Pendurado

Estava muito cansado, mais do que nunca havia estado e, por conta disso, pretendia uma inovação, uma transformação que fosse. Passava seus dias e suas noites aguardando uma chance do destino e ao mesmo tempo tinha medo.

O medíocre e o patético se atemoriza diante de novas perspectivas, anseia por elas mas ao mesmo tempo as sabota, consciente e inconsciente sabe que não as quer. Vive sua vida cretina, sente dor mas é covarde. Incapaz, se refugia em fantasias acreditando que um dia possam ser atingidas mesmo sabendo que não são.

Entretanto, ele estava determinado a mudar algo, apostar na fortuna independente de ter qualquer estratégia. Pensava ele, já que a vida física não me satisfaz, tentarei a metafísica.

Preparou a corda com carinho e amor, assobiando e cantando, como uma criança impressionada com sua própria sagacidade. Não se dignou a deixar carta ou o que fosse aos seus próximos, afinal, não os tinha. Subiu em uma cadeira, amarrou sua corda na janela de seu apartamento e saltou com o pescoço na outra ponta.

Ficou suspenso graciosamente e expirou sem dificuldade, enquanto vizinhos e pedestres da rua gritavam.

5 comentários:

Anônimo disse...

A carta de suicidio é importante pois com ela a gente deixa alguém para trás com culpa :P

Jack disse...

Visto dessa maneira daria um conto interessante.

Anônimo disse...

essa sensaçao é muito comum entre a gente... =P

Tie disse...

Bem... Enforcado... Hum... A cena ficou poética (como sempre)...
Mas ainda prefiro punhais...

Anônimo disse...

balançando com o vento como os pendulos de um relógio macabro. A cada balada se esvai um pouco de sua vida e sua alma escorre lentamente para o inferno