terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Sobre o demônio

Não existe criatura no mundo mítico mais definida e ao mesmo tempo menos constituída de uma versão final que o Demônio. Explico: vamos pegar o príncipe dos infernos, Lúcifer. Seu nome provém do grego e do latim e significa o portador da luz. Lúcifer foi um dos anjos primordiais, ou seja, um daqueles que estiveram presentes na criação do mundo. Em um dado momento ele voltou-se contra Deus e foi expulso do céu, e assim começa uma das histórias desse ser.
Voltemos a idade média. Lúcifer tinha sua primeira imagem como um anjo sem asas, um ser que caiu em danação e perdeu o direito de entrar no céu. Tudo estaria bem e sua imagem estaria pronta se não fosse o seguinte: os anjos são criaturas belas e a beleza atrai o Homem. Necessitava-se assim de um defeito, e a mente humana, essa brilhante caixinha de produção de óbvios irrelevantes, produziu uma das mais toscas definições do diabo. Como Lúcifer havia caído do céu, pensaram alguns monges medievais, nada mais correto do que durante a queda ele machucasse a perna. Assim produziram um Lúcifer lindo como anjo, porém manco. Pronto, resolveram o problema. Porém alguém comparou a imagem de Cristo, que era representado morto crucificado e a de Lúcifer, bonito, porém manco. Não precisa ser gênio para pensar qual das imagens atraia mais. Dessa forma começou o processo da criação de um mostro. Primeiro associou-se todos as coisas ruins do pensamento medieval à figura de Lúcifer, entre elas os pecados capitais, a mulher e as deformidades físicas. Depois uniram elementos da mitologia grega e romana, tal como o tridente, símbolo de Poseidon. A própria palavra demônio provém do grego Daemon, que quer dizer gênio1. Colocaram também elementos de origem animal, como os chifres de cabra e as pernas de bode. Enfim havia sido criada uma figura que representasse o mal, e que não era nem um pouco atraente.
Não contentes ainda com isso, eles resolveram criar uma monarquia infernal, assim surgiram Belial, Pazuzu, Memphisto, Baal, Duriel, Asmodeus, Andras, Belzebu, Belphegor, entre outros, todos provenientes de religiões consideradas pagãs. Baal, por exemplo, era uma divindade associada ao sol. E o processo de construção dos demônios não parou, vieram ainda outros elementos como as trevas, o fogo, etc. Esse processo ainda existe hoje em dia com a transformação de qualquer coisa em demônio. Até mesmo a coca-cola.

2 comentários:

Jack disse...

Engraçado como a religião cristã se apropriou dos outros deuses e os demonizou. Tudo que não era o DEus cristão passou a ser necessariamente maligno.

Anônimo disse...

Pois é... E ainda defendem essa religião... ¬¬