quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Primeiro Encontro

Cabia a ele a decisão de se aproximar ou não, os sinais já estavam expostos, a troca de palavras era constante mas faltava alguma coisa. Um sinal de que ela realmente estava interessada e pronta para o que ele tinha a oferecer, o que não era pouco. Seus dias se passavam de maneira melancólica nesse ínterim, sem conclusão alguma ou reação nova por parte de ambos.

Tudo só começou a se delinear melhor no encontro que marcaram na quarta feira, onde conversaram de maneira franca sobre temores e inseguranças que acometiam os dois. Entre as palavras o que ficava claro era a forma como ela acompanhava seus olhos, como se tivesse por intenção desvendar algo mais da alma daquele que a admirava. Ele de maneira atabalhoada insistia em mantê-los no rosto dela, o que não conseguia em determinados momentos, devido ao constrangimento de se abrir daquela maneira, acreditava que revelando seus sentimentos enfraquecia, colocando-se a mercê da vontade dela, sentia capaz de ser fulminado com uma negativa.

Ela também, apesar de tudo, se sentia insegura incapaz de entender o que sentia ou poderia fazer, de certa forma curiosa para ver até onde o jogo se prolongaria. Comeram pouco, no nervosismo presente o estômago não era tão receptivo. E ela se perguntou até onde ele tentaria enrolar, postergar, manter a conversa até seu inevitável desfecho.

Ao final do encontro, os dois caminharam pelas ruas, ainda com a distância que a amizade considera segura, sem se tocarem. Tomado pela ansiedade e por se maldizer pela covardia, tentou se aproximar, tendo como desculpa o frio que fazia naquele dia. Tocou as mãos dela para sentir se estavam geladas, e se surpreendeu ao constatar que não estavam. Com uma desculpa a menos para tocá-la, e já temeroso com o final da noite que se aproximava, ficou calado, mudo pelo nervosismo de não saber o que fazer e acompanhar suas chances se esvaindo.

Ela imediatamente percebeu que algo estranho acontecia que sua conversa agora era lacônica e não chegava a lugar algum. Como forma de voltar ao que era antes, ao se despedirem ela lhe deu um beijo terno e quente, próximo aos lábios.

Mal sabia ele que ela agora havia se resolvido, não queria nada, mas manter alguém que massageasse seu ego era oportuno no momento. Ele saiu feliz, acreditando que ainda tinha alguma chance. Ela saiu tranqüila, mais um bajulador junto ao seu séqüito, mais um número a quem ligar quando quisesse que alguém pagasse a conta.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que crueldade... o_O