Hoje, em um dia como outro qualquer, permaneço aqui na plataforma do metrô aguardando a sua chegada. Tenho como companhia o calor abafado do verão e os excrementos de pomba que cobrem algumas partes do chão. Paro e penso sobre como as coisas se modificaram, os anos se passaram e a vida se tornou mais complicada. Nesses momentos de maior introversão e reflexão, ainda levo meus dedos à boca frequentemente em busca de um trago inexistente, é um hábito que adquiri ao deixar de fumar.
Os trens do metrô se revezam a minha frente, carregando dezenas de pessoas de um lado para o outro de maneira continua e rotineira. Acompanho cada um de seus vagões e observo as pessoas que entram e saem a cada minuto, sem saber o que esperar. Dentro deste tédio rotineiro talvez cada uma delas guarde uma fagulha de algo, seja bom, ruim, triste ou feliz, com histórias perdidas que talvez tivessem me dado entretenimento por alguns minutos ao menos. Pensamento egoísta mas é tudo o que posso oferecer.
Cansado de ficar em pé busco uma cadeira que vejo ocupada por um verme que despreocupado anda de um lado para o outro, parece mais animado do que eu. Decido permanecer em pé e pensar no que vou escrever ao chegar em casa, passa pela minha mente a possibilidade de escrever contos autobiográficos que refletem parte do que vivi nos últimos tempos ou lembranças da infância. De certa forma descarto a primeira opção, preocupado com o que outras pessoas podem falar e me decido pelo segunda, com imagens bem pouco sutis mas que realmente me marcaram.
A noite quente me faz pensar nos benefícios de estar em casa, de descansar, de por um fim em certas coisas, ver-me livre de devaneios e estranhamentos que guardo
Após longos minutos me pego uma vez mais com os dois dedos esticados, simulando um trago. Realmente não sei o que fazer.
Um comentário:
Esse eu já havia lido...
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