terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Cabelos dourados

Cabelos dourados, pele clara, lábios finos e muito senso de humor, era assim que ela me aparecia naquele momento. Não parecia nada constrangida com o sangue coagulado espalhado pela sua face e que dava certo ar cômico à situação. Muito pelo contrário, com um sorriso confiante de quem sabia o que queria ou o que pretendia, ela me fitava.

Naquele período eu trabalhava em um hospital localizado no centro, primeiros anos no exercício de minha profissão e ainda tinha vivido bem pouca coisa, e definitivamente não estava preparado para aquilo.

Ela apareceu sozinha naquele estado, serena e solicitando ajuda, algum acidente havia ocorrido. De imediato, com a malícia inerente à juventude e a vontade de poder ver um pouco mais, me ofereci para o atendimento.

Perguntas de rotina acabaram sem resposta alguma, ela apenas balançava a cabeça de maneira afirmativa ou negativa, imaginei que o ferimento talvez a impossibilitasse de outra forma de comunicação. Disposto a vê-la melhor, me aproximei e toquei sua face, no que ela sorriu com dentes aparentemente brancos, mas tingidos igualmente por sangue. Foi quando ela me beijou.

Língua firme e insaciável, ela me sugava e deixava um gosto férreo e salgado na minha boca. Longe de sentir repulsa, respondi de maneira firme, apertando seu corpo junto ao meu, sem pensar duas vezes. Tomado de desejo e excitado, percebi meus pensamentos se embaralharem e um leve torpor tomar conta.

Quando acordei estava caído no chão, lavado de sangue, meus braços com cortes forneciam e o chão se embebia de vermelho. Meus olhos vermelhos, minha expressão pálida e com o primeiro espelho que encontrei pude constatar, meu rosto manchado com sangue coagulado e meus dentes tingidos de sangue como se minhas gengivas estivessem abertas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sexy... As always...